Jean Piaget

Caixa de texto: Jean Piaget – Um Cognitivista


Jean Piaget nasceu aos 09 de agosto de 1896, em Neuchatel na Suíça. Formou-se em biologia em 1015 e em 1918, já era doutor em Ciência Natural. Mudou-se para Zurique, onde estudou psicologia e psicanálise. Em 1919, entrou para a Universidade de Paris e iniciou o trabalho com testes de inteligência infantil.
Seu primeiro artigo sobre psicologia e inteligência foi publicado em 1921 no Journal de Psychologia e em 1923, casou-se com a psicóloga Valentine de Chatenay, que se tornou sua colaboradora nas primeiras pesquisas com crianças. No mesmo ano, publicou “A linguagem e o pensamento da criança”. Em 1936 “O Nascimento da inteligência na criança”, baseado nas observações que fez de seus filhos. Sua carreira é intensa como professor e pesquisador. Publicou cerca de 150 livros. Faleceu em Genebra, aos 84 anos, em 16 de setembro de 1980.
Jean Piaget é considerado um dos maiores teóricos da aprendizagem e ainda hoje exerce forte influencia sobre a educação. Foi o primeiro teórico cognitivista a desenvolver teorias apoiadas em resultados experimentais. Piaget descobriu e comprovou cientificamente que as estratégias usadas na aprendizagem e a capacidade de aprender novos conceitos variam de acordo com a idade e aprofundou seus estudos. A originalidade de suas pesquisas, empregando o método clinico, consistiu em criar situações concretas para as crianças e, suas respostas foram analisadas, de acordo com estádios ou níveis ordenados de compreensão. Piaget compreendeu e apresentou as formas de organização do pensamento.

Enfoque Cognitivo-Evolutivo

Hipótese Cognitiva: as trocas produzidas com o desenvolvimento supõem reestruturações importantes no significado que a pessoa atribui ao mundo. 
Hipótese Evolutiva: o resultado destas reestruturações possibilita formas superiores de adaptação ao mundo vivido.
Para Piaget, o desenvolvimento é um movimento constante, onde a criança vai superando em cada etapa os meios que seus ganhos cognitivos lhe possibilitam.
A capacidade de adaptação das pessoas com deficiência visual pode ser favorecida, por meio do desenvolvimento da compreensão de sua deficiência e das emoções que estão em torno dela.
Para explicar o desenvolvimento intelectual, Piaget partiu da ideia de que os atos biológicos são de adaptação ao meio físico e de organização do meio ambiente, sempre procurando manter um equilíbrio. Esse processo de adaptação é realizado por meio de assimilação e acomodação, usando esquemas.
ESQUEMAS são estruturas mentais ou cognitivas, pelos quais os indivíduos intelectualmente se adaptam e organizam o meio. Constituem portanto, um conjunto de processos no sistema nervoso que mudam continuamente, tornando-se mais refinados. Estes esquemas são utilizados para processar e identificar estímulos podendo diferenciá-los ou generaliza-los, classificando-os, o que possibilita sua organização. 
Estádios de desenvolvimento da criança:

· Sensório motor = 0 – 2 anos
· Pré - Operatório = 2 – 7/8 anos
· Operatório Concreto = 7/8 – 11 anos
· Operatório Formal = 11 – 14 anos

Sensório motor: o bebê começa a construir esquemas de ação, a partir dos reflexos neurológicos básicos, para assimilar o meio. Inicia-se a construção prática das noções de objeto, espaço, tempo, causalidade.
Espaço / tempo = construção pela ação = inteligência prática.     
Egocentrismo prático: o bebê tem como referência o seu corpo e sua ação. Reconhece-se como um objeto entre outros e levará algum tempo para que possa diferenciar. 
A exploração de objetos favorecerá o surgimento da imagem, capacidade que torna possível a aparição da próxima etapa.
Linguagem egocêntrica: A criança repete pelo prazer de repetir as sílabas que ouve. A fase é imitativa.                                                                              
Linguagem socializada: já inicia a troca com o outro.
Piaget (1969), em seu livro “Psicologia da Criança” refere-se à criança com deficiência visual dizendo “A anomalia sensorial própria dos cegos, impede a correta adaptação dos esquemas sensórios motores e origina, em consequência, um retardo considerável na coordenação geral”.
Aspectos envolvidos:
- recepção e interpretação de informações: a criança apresenta severa alteração num dos canais mais importantes de informação. 
- aprendizagem de esquemas motores: parece haver um atraso no processo evolutivo. A falta de visão não permite a exploração visual que contribui para a formação dos esquemas motores, além de inibir a motivação pelo deslocamento. 
- aprendizagem pela imitação: nas crianças com cegueira a associação entre as características táteis e auditivas de um objeto, demora mais do que na criança vidente. A falta do estimulo visual, limita a observação e a aprendizagem por imitação.

A linguagem tende a permanecer por mais tempo na fase da repetição, pela ausência do estimulo visual que limita a observação e classificação dos objetos.
Para Piaget, a criança não apresenta atrasos até o 4º. mês de vida. O enfoque cognitivo-evolutivo determina que o desenvolvimento social é basicamente a reestruturação do conceito de eu, a relação com o outro compreendendo-o como parte do mesmo mundo social, regido pelas mesmas leis.   
  
Pré-Operatório: Ocorre um avanço considerável em relação à etapa anterior. A criança é capaz de formar imagens mentais, usar as palavras para se referir à situações e começa a agrupar e nomear objetos. A percepção é global. Ainda não relaciona situações e não possui conservação de massa. Usam o pensamento intuitivo. A linguagem é comunicativa, mas egocêntrica. Fase dos Por quês? 
O processo de percepção e discriminação de igual e diferente entre objetos é fundamental para aprender conceitos. A percepção é um processo dinâmico que implica em exploração, de onde se retiram informações para construção dos processos cognitivos de aquisição, assimilação e utilização de conceitos.
A formação de conceitos realiza-se por processos, a implicação implica na capacidade de perceber e discriminar semelhanças a partir de vários objetos e atribuir palavras para identificá-los. A criança com deficiência visual grave tem restrição quanto à assimilação das características e variedade de conceitos, o que prejudica o desenvolvimento da formação de conceito e imagem mental, que é a base para a aprendizagem acadêmica, social e psicomotora.
A linguagem pode apresentar atraso em relação à compreensão do outro, uma vez que a criança com deficiência visual não produz gestos ou movimentos que substituem a palavra. Neste caso, há tendência ao verbalismo – uma vez que repete o que ouve sem experimentar de fato.
A auto imagem e uma expressão para designar um conjunto amplo de representações mentais que inclui imagens e julgamentos, além do conceito de que engloba seus diferentes aspectos: corporais, psicológicos, sociais e morais.  

Operatório Concreto: A criança desenvolve as noções de tempo, espaço, velocidade, ordem, causalidade, sendo capaz de relacionar diferentes aspectos e abstrair dados da realidade. Apesar de não se limitar a uma representação imediata, depende do mundo concreto para abstrair. Surge um importante conceito nesta fase – o princípio de reversibilidade.
 Aliada a dificuldade física e biológica do sujeito, soma-se a pobreza de estímulos ambientais, a limitação de tempo para compreender os ciclos do dia e efetivar a exploração de objetos, a autoimagem rebaixada e um meio social superprotetor, contribuem para o atraso de desenvolvimento.  
           
Operatório formal: As estruturas cognitivas da criança alcançam seu nível mais elevado de desenvolvimento. Já é possível abstrair sem precisar de representação imediata. A criança é capaz de formular hipóteses e buscar soluções, a partir do contexto vivido, segundo suas próprias ideias “como se o mundo devesse submeter-se aos seus sistemas e não aos sistemas da realidade”. (Piaget/1964) – Pensamento científico – hipotético – dedutivo.

Os estudos realizados com crianças com deficiência visual, encontram uma certa tendência a uma polarização extrema -     +, tendência que se observa no conceito que tem de si mesmas. Do ponto de vista cognitivo- evolutivo, se poderia incluir o final da etapa anterior, se dá pela compreensão dos grupos sociais através da coordenação de semelhanças e diferenças para considerar simultaneamente as diversas dimensões.
Durante a adolescência é normal que os indivíduos recorram aos sonhos e fantasias, que lhes proporcionam experiências fictícias. Esses pensamentos vão desaparecendo à medida que se aproxima a maturidade, conforme o eu evolui e as relações sociais se normalizam. O aspecto mais negativo de um mundo de fantasia reside no fato de não ser um sinal de deslocamento social que afete somente uma pequena parcela da personalidade, ao contrário significa uma organização defeituosa do eu. 
Segundo Piaget, o fato da pessoa com cegueira viver em um mundo de videntes, faz com que tenha que procurar ajuda e informações visuais. O cego tem que aceitar apenas exteriormente as atividades dos videntes. A solução mais cômoda é a norma seguida pelos cegos socialmente inteligentes, que consiste numa aceitação explicita das atitudes reações dos videntes, compensada por uma vida imaginativa de grande intensidade. Muitos cegos buscam a perfeição em vão, comportando-se consigo mesmos como severos juizes, cabe aos pais ajuda-los a perceber que não existem perfeitas. 
Pais e professores devem se ajustar à capacidade da criança, evitando que se isole. Reforço positivo !             
  
Curiosidades a respeito do mestre Piaget

· O pai de Piaget, Arthur Piaget, era professor de literatura. 
· Piaget com apenas 10 anos publicou, em Neuchâtel, um artigo sobre um pardal branco. 
· Aos 22 anos, Piaget já era doutor em Biologia. 
· Piaget escreveu cerca de 70 livros e 300 artigos sobre Psicologia, Pedagogia e Filosofia. 
· Piaget casou-se com uma de suas assistentes, Valentine Châtenay. 
· Observando seus filhos, desvendou muitos dos enigmas da inteligência infantil. 
· Vygotsky prefaciou a tradução russa de A Linguagem e o Pensamento da Criança, de Piaget, de 1923.
º Vygotsky e Piaget não se conheceram pessoalmente.
Referências Bibliográficas 

Charles, C. M.: Piaget ao alcance dos professores. Ao livro Técnico, 1976.
Mizukami, M. da Graça N.: Ensino: As abordagens do processo. EPU – Editora Pedagógica e Universitária Ltda, 1986.
Piaget, Jean: A linguagem e o pensamento da criança. Livraria Martins Fontes Editora Limitada, 1986.
Gadotti, Moacir: Historia das ideias pedagógicas. Editora Ática, 1997.
Aguado, M. Jose Diaz e outros: Niños com dificuldades para ver. Once, 1994.
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